domingo, 5 de agosto de 2012



Indefinível

Certas características não se definem. Apenas se olha para a mulher e sabe imediatamente: essa gosta, ah gosta. Mas é impossível isolar a causa dessa característica tão distinta, não é possível encontrá-la fisicamente, ou psicologicamente, ela apenas está ali, todos sabem, mas ninguém sabe por que ou aonde. Talvez seja transmitido por um olhar, ou por um gesto. Por uma palavra, um sotaque, um jeito de sorrir. Por uma peculiaridade, uma covinha que se forma , sardinhas, olhos sorridentes. E funciona como um contrato social, tal característica nunca será comentada, mas é tão aparente que é quase palpável. Comentá-la ou trazer a tona seria uma tragédia, faria com que ela sumisse, ofenderia a sua portadora e o restante da humanidade por ter faltado com um costume milenar. E saber sobre esse contrato social é também indefinível. Não se aprende na escola, não é uma lição dos pais ou dos mais velhos, jamais isso será comentado. Mas se quebrado, ah o violador certamente receberá os olhares de censura de todos os estratos sociais, sexos, idades e profissões.  É o dito pelo não dito. Elas por elas. Subentendido. Implícito. Desinencial. Indefinível.

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