Gosto de ouvir Nina Simone domingos
à tarde, principalmente naqueles domingos ensolarados, em que o sol produz
aquela iluminação ideal no ambiente e entra uma brisa fresca pela janela.
Deitada numa cama com lençóis frescos, daquele jeito que te faz pensar em
lençóis brancos pendurados num campo verde por uma matrona italiana na Sicília,
sentindo o silêncio da rua, a delicadeza da pele. A voz grave enche o quarto, a
casa, ocupa todos os cantos, ocupa o corpo e tem aquele efeito de semicerrar os
olhos e não pensar em absolutamente nada. Gosto desses momentos de estimular
tanto as sensações que a consciência fica dopada, em stand by, e os
pensamentos, suspensos até aquilo acabar, e, quando se recobra a vigília, olho
em volta e me pergunto quanto tempo se passou. Gosto de cantoras com vozes
fortes porque as imagino sempre com a mesma personalidade de mulheres mandonas,
desinibidas, donas de si, bravas e corretas, com aquela força ensinada pela
vida, mas ao mesmo tempo femininas, sutis em seus vestidos longos e brilhantes
e na delicadeza de um coração de mulher. Mulheres convictas, mas que não são
frias.
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